segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Existência Solitária

Era praticamente impossível que aquela dor se esvaísse. Ela ainda podia sentir a presença, o cheiro que ele exalava, impregnado nela. Sem se esforçar ela ainda podia ouvir o riso dele, ao longe...
Seus longos cabelos negros se espalhavam desajeitadamente no travesseiro e o corpo nu, que não sentia frio ou calor, só a necessidade que o corpo dela sentia da virilidade do dele.
Ela se levantou e foi tomar um banho. Ao entrar no chuveiro e sentir a água tocando levemente o seu corpo, lembrou-se de como ele a fazia sentir, o modo como ele a dominava, mesmo medindo alguns tantos centímetros a menos que ela e, conforme as lembranças vinham à tona, fizeram com que o corpo dela tremesse de excitação.
- Você gosta? - Indagou Miguel, deslizando a mão entre as coxas dela.
- Erm... Gosto. Acho que gosto. - Gemeu Milena, baixinho.
Agora as mãos dele roçavam a virilha, exatamente em suas partes íntimas, onde já havia certa umidade.
- E agora? - Ao dizer isso, a barba dele roçava entre os seios dela. Foi quando ela se deu conta de seus pequenos seios que já tinham causado a ela tanto constrangimento e a impedido de ir tão longe com qualquer outro.
- Você não os acha... pequenos? - Sussurou ela, com medo de que ele a desprezasse.
- Se eles couberem na minha boca, está tudo certo. - Ele respondeu a ela, e a pentrou com força.
Aquela lembrança tão viva fez com que ela risse, como não ria há semanas.
Ela saiu do banho, e sem retirar a toalha, se sentou na cama novamente e teve a impressão de ver Miguel, não, mas ela o vira! Podia jurar que tinha o visto.
E como se nunca ele tivesse ido embora, ela o viu entrar pelo quarto, os cabelos tão lisos e negros como sempre foram, a pele alva e os jeans mais velhos e desbotados do que nunca e então, ele a beijou. O mesmo beijo, quente, avassalador e ela sentia o beijo, talvez mais até do que antes.
E desse modo, com a mesma rapidez que aconteceu, a sensação de ter beijado Miguel novamente, se dissipou.
Por que Deus o levara? Era só o começo, logo agora, depois do tanto que ela lutara para tê-lo só para ela. Que a vida era injusta ela já sabia, afinal ele mesmo já lhe dissera tantas e repetidas vezes. Ah... que saudade da voz dele, tão macia, tão doce, mas firme como a de todo homem deveria ser.
E ela ficou ali odiando a si mesma, por não ter sido ela no lugar dele, por ela ter sido condenada aquela existência vazia sem a companhia de Miguel.
Nesse instante ela adormeceu e sonhou que ele a estava levando para junto dele, embora daquele mundo. Ela irradiava felicidade por juntar-se a ele na jornada até a eternidade. E a partir de então, os dois caminhariam juntos sem que mais nada os separasse.
Então uma mão a despertou, mas não era a mão de Miguel, disso ela tinha absoluta certeza. Era uma mão tão carinhosa quanto, mas não era viril, mas sim maternal, e aí ela soube quem era antes que pudesse abrir seus olhos.
- Milena, querida, você se esqueceu? - Perguntou a mãe, solícita.
- ãhn... O que era pra eu ter me lembrado? - Escapou dos lábios de Milena.
- A consulta, o médico... Que você iria, que você marcou, antes de isso tudo acontecer...
- Eu não estou grávida, não posso estar, não quero estar! Não sem o Miguel aqui comigo! - Soluçou ela. E nesse momento ela pressentiu que qualquer chance que houvesse já teria sido acabada com os acontecimentos dos últimos dias. Até porquê seria impossível que qualquer bebê conseguisse sobreviver com a quantidade de comida que ela andava ingerindo.
Vestiu-se rápido, contudo fazendo questão de usar o vestido vermelho que ele gostava tanto que ela usasse, se bem que estava tão magra, que mesmo naquele vestido vermelho ela teve a impressão de que ela não ficaria satisfeito.
As duas saíram e a filha inerte ao mundo que se desdobrava à sua frente não largava da mão da mãe, como uma criança desprotegida.
- Filha, você precisa reagir! Até aundo você pretende ser prisioneira da sua dor? - Disse a mãe de Milena quando elas pararam para tomar um lanche, depois de muita insistência por parte da mãe.
- Não sei... - Respondeu Milena, brincando com o canudinho a vitamina que permanecia intocável à frente dela.
- O Miguel não ia gostar de ver você assim. Voê está viva! Precisa fazer com qu ela realmente exista... Escuta, eu sou sua mãe e quero o melhor para você... Não quero que você se entregue assim.
- Eu sei disso, mas é impossível! Porque eu não fui junto com ele? Porque eu fui deixada aqui com todo esse amor e sem ter com quem partilhar?
- Não repita isso! E quanto a mim? E ao seu pai, sua irmã, seu irmão, sua família? Existe mais gente aqui que precisa de você. Não deixaremos que isso aconteça.
- Ok! Um dia eu vou melhorar, mas... Enquanto isso por quê você não me deixa curtir minha dor sozinha?
- Se você consegue enxergar além disso e ver que tem muita gente torcendo pela sua melhora, começa tomando essa vitamina, filhinha? - Disse a mãe bondosamente.
Logo após pegarem o elevador do prédio e saltarem no sétimo andar, Milena já esboçava uma aparência um tantinho melhor.
Esperaram uns quinze minutos até a enfermeira chamar o seu nome e sentenciar:
- Parabéns! Você vai ser mamãe.
Naquele momento ela teve a certeza de que havia esperança. Que Deus havia lhe tirado algo muito precioso para ela, mas havia lhe dado algo tão ou mais importante do que foi tirado. Um milagre aconteceu e a partir dali ela iria devotar todo o seu amor ao fruto do amor que sentia por Miguel.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A grande ironia do destino

Eu preciso dele. De alguma forma desesperada e inquieta. Intensamente. Mas já não há chance. It's over. Sinto que está perdido. Não encontro esforço ao seguir com minha vida adiante, mas é como se algo tivesse estacionado no tempo, algo que eu deva resolver para sentir-me plena, mas não dá.

Esse tal namoro não poderia acontecer em pior hora. Sinto como se meu coração estivesse sendo despedaçado novamente, o que eu não poderia permitir que fosse feito. Mas a vida nos prega cada peça, as quais assistimos perplexos...

Quanto mais eu paro para pensar nisso, mais eu me sinto angustiada com essa 'pendência'. Mas em contrapartida me vem à mente 'E ele?'

Talves ele não dedique sequer um mísero pensamento a mim. Mas eu não sei se eu realmente me importo. O que eu tenho certeza é que não posso dar às costas ao que sinto e meus únicos companheiros têm sido uma caneta e um caderno velho, sempre de prontidão.

Com o passar dos dias a certeza que eu nutria se dissipa, devagar, me levando a uma profunda reflexão interior. Deixo tudo a encargo de Deus pois sei que Ele sabe o que é melhor para mim. Eu decidi que não irei interfeir para que as coisas saiam como eu planejo. Não mesmo! Quantas coisas eu já fiz por causa dessa minha mania horrível em querer tomar as rédeas do destino... Que petulância!

Eu quero que dessa vez seja diferente. Queria que nós dois pudéssemos ser diferentes. Porque o que eu sinto por ele é especial, prefiro não definir, mas é especial. E é tão bom, sentir isso outra vez!
Mas sempre há uma filha da puta para estragar tudo, desmoronar seus sonhos em segundos. O pior é que eu não tenho coragem de arruiná-los.
Sou eu uma covarde?
Ou teria eu princípios?
Fica a dúvida.